Um labirinto medieval. Uma análise moderna

Autores

  • Geraldo Augusto Fernandes UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ/PROFESSOR ADJUNTO

Palavras-chave:

Fernão da Silveira, Poema-labirinto, Barroco, Poesia Concreta, Visualidade

Resumo

Durante a transição da Idade Média e a Modernidade, o poeta palaciano português humanista Fernão da Silveira cria um poema-labirinto em que a ludicidade, aliada à visualidade, é notável. Antecipando a visualidade de poemas barrocos e concretistas, esse pequeno poema permite uma leitura múltipla, tendo por base ainda o amor cortês. Estruturado por quatro colunas de palavras, o poema mostra-se inovador justamente por essa multiplicidade de leituras, o que permite um cotejo dele com a Poesia Concreta. Nosso propósito, então, é mostrar elementos concretos contidos na feitura do labirinto tardo-medieval aliados às teorias cingidas pelo Concretismo brasileiro e o Experimentalismo português. Para isso servimo-nos de estudos de Ernesto Manuel de Melo e Castro, proeminentemente, Ana Hatherly, Max Bense, Augusto e Haroldo de Campos, Décio Pignatari, Márcia Arbex, Maria João Fernandes entre outros.

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Publicado

27-06-2024

Edição

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Artigos