Renovação Necessária ou Manutenção Pertinente?
O Feudalismo nas Pesquisas sobre a Idade Média
Resumo
O debate em torno do conceito de Feudalismo não é uma novidade. No entanto, uma questão se coloca: seria possível compreender esse momento da história do Ocidente Europeu sem recorrer ao conceito? Na análise de tal abstração, é possível espelhar as relações aristocráticas para o conjunto da sociedade? Diante da presença predominante de um grupo social - o campesinato - é válido generalizar todas as relações sob a égide de um termo unificador, seja ele “Sistema Feudal”, “Feudalismo” ou “Sociedade Feudal”? O artigo tem como objetivo debater as abordagens historiográficas referentes ao tema e propor possíveis alternativas que considerem as diversidades de relações tão complexas. Outro objetivo consiste em formular hipóteses acerca das razões pelas quais o debate em torno do Feudalismo/Sistema Feudal encontra-se pouco presente na historiografia especializada, atualmente.
Referências
ABBELS, Richard. The Historiography of a Construct: "Feudalism" and the Medieval Historian. History Compass, 2010.
ALMEIDA, Néri de Barros. A Idade Média entre o "poder público" e a "centralização política": itinerários de uma construção historiográfica. VARIA HISTÓRIA, Belo Horizonte, vol. 26, nº 43, 2001.
ARENDT, Hannah. Sobre a violência / Hannah Arendt; tradução de André de Macedo Duarte. – 11ª ed. – Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2020.
BARROS, J.D. A Nova História Cultural - considerações sobre o seu universo conceitual e seus diálogos com outros campos históricos. Cadernos de História, v.12, n° 12, p.38-63, 2011.
BARROS, J.D. História Política: da expansão conceitual às novas conexões intradisciplinares. OPSIS, Catalão, v. 12, n. 1, p. 29-55, 2012.
BARTHÉLEMY, Dominique. A cavalaria: da Germânia antiga à França do século XII; Tradução: Néri de Barros Almeida e Carolina Gual da Silva. Campinas: Editora da Unicamp, 2010.
BARTHÉLEMY, Dominique. Chevaliers et Miracles: La Violence et la Sacré dans la Société Féodale. Paris: Armand Colin, 2004.
BLOCH, Marc. A Sociedade Feudal. / Marc Bloch; tradução de Laurent de Saes. – São Paulo: EDIPRO, 2016.
BISSON, Thomas. The Feudal Revolution. Past and Presente, Oxford, n. 142, 1994. p. 6-42.
BLOCKMANS, Win. Introdução à Europa Medieval, 300-1550. Rio de Janeiro: Forense, 2012.
BONNASSIE, Pierre. Cataluña mil años atrás (siglos X-XI). Barcelona: Península, 1978.
¬¬¬ BONNASSIE, Pierre. Del Ródano a Galicia: génesis y modalidad del régimen feudal. In: BONNASIE, Pierre et al. Estructuras feudales y feudalismo en el mundo mediterráneo. Barcelona: Editorial Crítica, 1984.
BROWN, Elizabeth. The Tyranny of a Construct: Feudalism and Historians of Medieval Europe. 1974.
DÉBAX, Hélène. Une féodalité qui sent l’encre: typologie des actres féodaux dans le Languedoc des Xie – XIIe siècles. In: Jean-François Nieus. Le vassal, le fief et l’écrit. Pratiques d’écriture et enjeux documentaires dans le champ de la féodalité (XIe-XVe siècle), Publications de l’Institut d’études médiévales de l’université catholique de Louvain, 2007.
DUBY, G. Economia Rural e Vida no Campo no Ocidente Medieval, 2 vols. Lisboa: Edições 70.
DUBY. La Société au XI et XII Siècles dans la Région Mâconnaise. Paris. A. Colin, 1953.
FLORI, Jean. Guerra Santa: Formação da ideia de cruzada no Ocidente cristão / Jean Flori; tradução: Ivone Benedetti; Campinas: Editora da Unicamp, 2013.
FOUCAULT, M. Microfísica do poder. 23. ed. São Paulo: Graal, 2004.
FOUCAULT, M. Nietzsche, la généalogie, l’historie. In: Dits et Ecrits, vol. II.
FOURQUIN, Gui. Senhorio e Feudalidade na Idade Média. Lisboa: Edições 79, 1978.
GANSHOF, F.L. El Feudalismo/F.L. Ganshof; tradução: Feliu Formosa. Barcelona: Editorial Ariel S.A., 1985.
GEERTZ, Clifford. A Interpretação das Culturas. Rio de Janeiro: Zahar, 1978.
GEERTZ, Clifford. Nova Luz sobre a Antropologia / Clifford Geertz; tradução: Vera Ribeiro; revisão técnica, Maria Cláudia Pereira Coelho. - Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2001.
GUERREAU, Alain. El Feudalismo, un horizonte teórico. Editorial Crítica: Barcelona, 1984.
GUIZOT, François. Essais sur I’historie de France, pour servir de complément aux observations sur I’histoire de France de l’abbé Mably. Ladrange: Paris, 1836.
¬¬¬¬ GUIZOT, François. Histoire de la Civilisation en France depuis la chute de I’empire romain. Didier: Paris, 1868.
HALL, Stuart. Quem precisa da Identidade? In: Identidade e Diferença: A Perspectiva dos Estudos Culturais. Tomaz Tadeu da Silva (org.). Stuart Hall, Kathryn Woodward. 11 ed. – Petrópolis, RJ: Vozes, 2012.
HINTZE, Otto. The Nature of Feudalism. In: CHEYETTE, Fredric. Lordship and Community in Medieval Europe. Traducción Miriam Sambursky. Nueva York: Holt, Rinehart and Winston, 1968.
JENKINS, Keith. A História repensada. São Paulo: Contexto, 2004.
KUPER, Adam. Cultura: a visão dos antropólogos / Adam Kuper: tradução Mirtes Frange de Oliveira Pinheiros – Bauru, SP: EDUSC, 2002
KOSELLECK, Reinhart. Futuro passado: contribuição à semântica dos tempos históricos. Contraponto: Puc Rio, Rio de Janeiro, 2014.
LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico/ Roque de Barros Laraia. - 14. ed. - Rio de Janeiro: Zahar, 2001.
LE GOFF, Jacques. Para uma outra Idade Média: tempo, trabalho e cultura no Ocidente; 18 ensaios / Jacques Le Goff; tradução de Thiago de Abreu e Lima Florêncio e Noéli Correia de Melo Sobrinho. 2. Ed. – Petrópolis, RJ: Vozes, 2013.
LYOTARD, J.F. O Pós-Moderno. Rio de Janeiro, José Olympo, 1988.
LUCHAIRE, Achille. Les premiers Capétiens (987-1137). In: LAVISSE, Ernest (dir.) Histoire de France ilustrée depuis les origines jusqu’à la Révolution. V.2. Paris: Hachette, 1911.
MACHADO, Igor José. (2013), A antropologia de Schneider: pequena introdução. São Paulo: EdUFScar, 2013.
NIETZSCHE, F. Sobre Verdade e Mentira. São Paulo: Hedra, 2012.
PERROY, Édouard. A Idade Média: o período da Europa feudal, do islã turco e da Ásia mongólica (séculos XI-XIII). São Paulo, 1974.
PETIT-DUTAILLIS, C. The Feudal Monarchy in France and England: From Xth to XIIIth Century. Londres e Nova Iorque: Routledge, 1936.
REVEL, Jacques. Microanálise e construção social. In: Jogo de escalas: a experiência da microanálise/ Jacques Revel; organizador; tradução: Dora Rocha - Rio de Janeiro: Editora Fundação Getúlio Vargas, 1998.
REYNOLDS, Susan. Fiefs and Vassals: The Medieval Evidence Reinterpreted. Oxford: Oxford University Press, 1994.
SAES, Laurent de. Prefácio à edição brasileira. In: A Sociedade Feudal. / Marc Bloch; tradução de Laurent de Saes. – São Paulo: EDIPRO, 2016.
SCHNEIDER, David Murray. Parentesco americano: uma exposição cultural. Petrópolis: Vozes, 2016.
SIMIAND, François. Méthode historique et science sociale. In: la Revue de synthèse historique, 1903.
SPÍNOLA, Diego Carlo Améndolla. "Feudalismo": estado de la cuestión, controversias y propuestas metodológicas en torno a un concepto conflictivo, 1929-2015. Anos 90, vol. 26, 2019.
VERDON, Laure. Violence, norme et régulation sociale au Moyen Âge. Rives méditerranéennes [En ligne], 40 | 2011.
WEBER, Max. A“objetividade” do conhecimento nas Ciências Sociais. In: COHEN, Gabriel (Org.). WEBER, Max. Sociologia. São Paulo: Ática, 2004.
WEST, Charles. Reframing the Feudal Revolution: Political and Social Transformation Between Marne and Mosele, c.800 - c.1100. Cambridge: Cambridge University Press, 2013.
WICKHAM, Chris. O Legado de Roma: Iluminando a Idade das Trevas, 400-1000. Campinas: Editora da Unicamp, 2019.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Signum (Associação Brasileira de Estudos Medievais. Online)

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.